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O projeto ZHA!

O projeto ZHA!

 

Nos últimos meses o Campanh’UP tem acompanhado o projeto ZHA! nas suas intervenções sociais e artísticas em Campanhã. Este projeto, que surge no âmbito de um programa PARTIS & ART FOR CHANGE, financiado pelas Fundações Calouste Gulbenkian e “la Caixa“, e que tem o Visões Úteis como entidade promotora e uma extensa rede de parceiros sociais, consiste na promoção das tradições vivas da comunidade cigana, as suas músicas, cantos e danças, apresentadas como o massivo legado cultural e patrimonial que representam, mas que tendem a passar despercebidas na nossa sociedade.
Criando momentos de partilha e aprendizagem mútua entre artistas profissionais e não-profissionais, a maioria autodidatas, destas comunidades, o ZHA! pretende intervir na exclusão social e promover competências pessoais e experiências que potenciem possibilidades de integração em percursos de vida mais inclusivos.
Este é o objetivo do projeto e, para o conseguir, a equipa ZHA! – constituida por artistas, psicólogos, educadores e mediadores sociais e educativos, viabilizou nos bairros de Contumil, Cerco e Lagarteiro um conjunto de atividades, entre sessões de sensibilização, de formação e de criação , que ajudaram a identificar talentos, intensificar paixões e abrir portas a muitas crianças, jovens e adultos das comunidades ciganas deste território, para uma realidade onde podem partilhar o seu talento e cultura com orgulho.

   Destas sessões nasceram: o álbum “É a nossa vez!“, com oito temas originais e três videoclipes compilados num CD, lançado numa “Listening Party” no Batalha – Centro de Cinema; um espectáculo com duas apresentações no Grande Auditório do Teatro Municipal do Porto – Rivoli; e ainda um documentário e uma reflexão de investigação-ação que ainda estão a ser preparados para serem partilhados com o grande público num encontro final de encerramento do projecto em dezembro.Nesta reportagem falamos com alguns dos elementos das equipas e participantes neste projeto, entre eles o André Sousa (coordenador social ZHA!) que é uma pessoa já conhecida em Campanhã pelo seu incansável trabalho social na freguesia, e a Inês de Carvalho (direção artística ZHA!) que é responsável, no Visões Úteis, pela direção, programação e mediação de projectos que têm na sua missão promover o desenvolvimento do território e a igualdade de oportunidades. O André e a Inês representam as dimensões social e artística que o ZHA! tenta articular na sua implementação em Campanhã. O seu trabalho conjunto articula-se ainda e encontra suporte numa importante rede de parceiros sociais, que cultivam diariamente relações de confiança e cumplicidade com as comunidades, olhando para cada pessoa como uma pessoa única e singular (como o Sinergias-E9G, a Equipa de Rua Oriental da Norte Vida, a União Romani, a APPC, entre outras), mas também encontrando apoio na criação de contextos e oportunidades de visibilidade e projeção numa importante rede de parceiros do meio artístico, que são estruturas de programação e disseminação (como o Batalha Centro de Cinema, o Teatro Municipal do Porto Rivoli e a Arda Recorders). Apresentam-nos este trabalho de campo com os cidadãos, artistas e famílias que participam no projeto e falam connosco para nos apresentar o projeto ZHA!, o que este envolve e do que precisa.

 

O Campanh’UP teve a felicidade de poder estar presente em alguns dos momentos mais marcantes do projeto como o lançamento do álbum “É a nossa vez!” na Listening Party no Batalha – Centro de Cinema, os tablaos de flamenco “Orillas Porteñas”, no âmbito da programação do Cultura em Expansão, e o espetáculo LARAY no Teatro Municipal do Porto – Rivoli, onde presenciamos alguns ensaios e o espetáculo em si. Como poderão ver na reportagem aqui na página, a energia era contagiante. Uma alegria constante expressa pela música invadiu os corredores dos bastidores do Rivoli e foi para o Campanh’UP um privilégio poder fazer parte da experiência.

LISTENING PARTY

 

 

No dia 8 de Abril, Dia Internacional da Pessoa Cigana, o ZHA! apresentou no Batalha Centro de Cinema, o CD do albúm “ZHA! É a nossa vez!” juntamente com os 3 videoclipes produzidos com os artistas que participam nos temas do álbum. Quem lá esteve pode também ter o prazer de ouvir uma conversa com alguns dos artistas, moderada por Vanessa Ribeiro Rodrigues e pontuada por alguns momentos musicais.

Este álbum resulta das sessões de formação, criação e gravação realizadas no território e é prova do que as gentes desta freguesia já sabem há muito tempo (desde que nasceram!) mas que tende a permanecer quase que um segredo guardado nas famílias e comunidades. Há muito talento e muita vontade de agir em Campanhã. Como descrito no site do ZHA! este álbum “representa a vontade de reclamar o tempo e espaço, bem como a dignidade artística e igualdade de oportunidades para a comunidade cigana – e de fazer soar bem alto a sua voz.”

Foi esta a primeira experiencia de palco de alguns destes artistas, e foi também a primeira apresentação pública dos produtos artísticos de ZHA! e arranque da sua disseminação online.
Mas foi apenas um ponto de partida, porque com os alicerces construídos e iniciada a exposição pública do projeto ao grande público da cidade do Porto, com a disseminação do álbum e videoclipes, com o progressivo reconhecimento público do valor artístico dos artistas ZHA! foi possível fazer mais e construir ainda mais. Desse modo, passados apenas dois meses, o ZHA! apresentou o LARAY no Grande Auditório do Teatro Municipal do Porto – Rivoli.

LARAY

 

 

Laray significa “vida” ou “viver” em romanô e foi escolhido como título desta peça performativa como celebração da cultura cigana, traço que marca o projeto desde o berço.
Durante dois dias, 6 e 7 de Junho, o ZHA! apresentou o que sentiu como um culminar do longo e dedicado trabalho de cooperação e cocriação com crianças, jovens e adultos, famílias das comunidade de Contumil, Cerco e Lagarteiro, num projeto que destaca as raízes ciganas flamencas. Juntando artistas ciganos e não ciganos, articulando elementos musicais e de movimento como as guitarras, os cajons, as vozes, as palmas e o baile, que encantavam os ouvidos dos espectadores, em cena convocou-se também a presença dos elementos mais velhos das comunidades ciganas – os avós, que se juntaram aos intérpretes por meio de projecções vídeo, deixando a sua voz e importante testemunho documental, ouvido pelos seus descendentes no palco mas também por todosos presentes no grande auditório. Depois do espetáculo e da ovação devida, a festa continuou no “foyer” do Teatro, em frente ao Grande Auditório, onde todos puderam fazer parte do espetáculo, bastava só dar o passo em frente e juntar-se à roda.

Só com a construção de confiança e de pontes entre todos os cidadãos, e um diálogo mais cuidado e saudável entre minorias étnicas e sociedades maioritárias, garantindo a igualdade de oportunidade e consições de dignidade para todos e todas, é que podemos construir um futuro de cooperação e de maior proximidade intercultural. O Campanh’UP acredita afincadamente que este é o caminho para o conseguir, com a criação de espaço para conhecermos o outro, para valorizarmos o que cada um de nós tem para oferecer e isto é feito passo a passo, demora. Mas momentos como estes fazem-nos acreditar que às vezes conseguimos mesmo dar um salto bem grande para a frente e fazer parte da roda.

Deixamos aqui um excerto retirado do site do ZHA! que acreditamos descrever o valor deste projeto melhor do que nós alguma vez seriamos capazes.

 Diz um provérbio cigano que “a mais bela fogueira começa com pequenos ramos”.

De ramo em ramo, família em família, pessoa em pessoa, acende-se a chama do encontro. A música, a dança e o canto – formas naturais de celebração, expressão e comunicação das comunidades ciganas – enchem casas, ruas e bairros de interpretações artísticas de grande beleza. Cresce ZHA! no culminar de um longo processo de proximidade, cumplicidade, escuta, criação e superação. Criadores ciganos e não-ciganos, juntos, lançam um olhar novo sobre um rico legado cultural e patrimonial. Para fazer soar mais alto e mais longe a voz cigana, para fazer ecoar o direito, no avesso e nas costuras da cidade e da sociedade. Que ZHA! seja fogueira que arde e se vê, de perto e de longe, de fora e dentro.

Não se esqueçam de visitar o site do ZHA! e seguirem o projeto na vossas redes sociais para estarem a par da continuidade do trabalho.
Podem também desfrutrar das músicas produzidas mesmo aqui na freguesia de Campanhã pelo projeto ZHA! aqui
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