O CORREDOR SAUDÁVEL
Na reportagem deste mês, o Campanh’UP acompanha a visita do consórcio do projeto URBiNAT ao novo corredor saudável de Campanhã! Este Corredor reestrutura uma artéria que liga o Bairro do Falcão e o Bairro do Cerco e ao Bairro do Lagarteiro, num projeto que se desenvolveu ao longo dos últimos 6 anos. Fruto de uma parceria com a cidade e os seus cidadãos com o objetivo de trazer novas soluções e métodos de trabalho à comunidade, o corredor saudável é um de vários resultados desse esforço cooperativo/coletivo do URBiNAT com os moradores da freguesia, representantes políticos e associações locais.
Vários projetos campanhenses atuais nasceram no seguimento da primeira intervenção do URBiNAT no território – o CampMarket, as Caminhadas com o Yoga, o Germinário e nós Campanh’UP. Projetos que decorrem da vida e trabalho da comunidade e a destacam. Este é o principal objetivo do Campanh’UP – desenvolver melhores relações e conhecimento entre associações e projetos locais, de forma a que se possam todos/as sinergizar, tirando proveito das oportunidades que surgem quando se abre o diálogo que traz perspectivas diferentes. Estas ações, não só elucidam todos os envolvidos sobre como estes projetos nascem e são geridos, como também criam oportunidades de imaginar os efeitos que podem ter na população. Quando um projeto é feito com base na participação e cocriação, reduz-se o desfasamento entre o que um poder político acredita ser a realidade da sua comunidade, e o que esta é efetivamente.
O conceito de “corredor saudável”, como descrito no site da URBiNAT, aglomera um número de SBNs(Soluções Baseadas em Natureza) que têm como objetivo regenerar bairros urbanos com o seu potencial sub-aproveitado. Não somos a única cidade onde este tipo de trabalho foi desenvolvido. O URBiNAT foi implementado em países como a França e a Bulgária, tendo muitos mais projetos começado posteriormente em diversos países participantes como Itália, Eslóvénia, Bélgica, Dinamarca e Irão.
O corredor saudável que podemos ver no vídeo envolveu a reestruturação de toda a área envolvente. A artéria criada alimenta a Escola Básica do Falcão, as Hortas Comunitárias de Oliveira, as instalações do Complexo Desportivo de Campanhã e a Piscina de Cartes, o passadiço do Rio Tinto, juntamente com o Bairro do Falcão, o Bairro do Cerco, o Bairro do Lagarteiro e o Coletivo do Pêgo Negro.
Para além da reestruturação desta área a nível de acessos, e do trabalho de coordenação com a comunidade, foi também desenvolvido trabalho com um total de 7 escolas primárias locais, onde o projeto se comprometeu a integrar canteiros para hortas pedagógicas. O processo foi feito contando com a ajuda de uma dupla de arquitetos italianos (Andrea Conserva e a Chiara Farinea) do IAAC (Instituto de Arquitetura Avançada da Catalunha) link www.iaac.net e a mediação do Luís Monteiro Divisão Municipal de Gestão Ambiental da Câmara do Porto, que dialogaram com crianças e professores de forma a escolher que tipo de SbN queriam na escola para a sua horta pedagógica. Mais tarde, foram os próprios alunos das escolas que plantaram os canteiros com as flores que, hoje, neles se encontram.
A escola mais diretamente intervencionada pelo corredor saudável foi a Escola Básica do Falcão. Foram realizadas uma série de renovações com o intuito de tornar a escola ainda mais sustentável e educar os alunos que a frequentam para diferentes formas de sustentabilidade. Desde a introdução de telhados verdes para aquecer as salas no inverno, a painéis solares para aproveitar a energia, e um jardim suspenso no telhado como forma de arrefecimento, no âmbito de um outro projeto Europeu do programa LIFE.
Como diz o Nuno Moutinho da Soalheira na reportagem que pode ser vista nesta página, “Isto é importante para as pessoas, mas também é importante para a mesa das pessoas”. As SBN que o Corredor Saudável traz a este espaço passam muito por este trabalho de reeducar, de aprender o que podemos fazer para nos tornarmos mais responsáveis e autónomos no que diz respeito à nossa relação com a natureza. A paragem no Germinário, situado na Horta do Oliveira, permitiu a todos testemunhar esta abordagem.
A comitiva ajudou a plantar algumas árvores no Corredor Saudável com o auxílio de Thomas Andersson, da IKED, que introduziu caixas desenhadas para acelerar o processo de crescimento das árvores. Estas caixas concentram a água da chuva e facilitam a recolha de nutrientes. Quando cumprido o seu propósito, este utensílio pode ser retirado da árvore e reutilizado noutra árvore.
Terminadas as atividades, fomos todos presenteados com um pouco de granizo, condição meteorológica que direcionou a comitiva para a APPC, local de acolhimento do CampMarket neste mês e parceiro fundamental de todo o projeto. Abrigados das condições do tempo que se tornaram desafiantes, foi neste centro que decorreram as restantes atividades, como a animação por artistas circenses, um almoço conduzido pelo Sr. João Valente da Soalheira e as suas PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais) – uma feijoada de chorar e pedir por mais, e o lançamento oficial do site do Campanh’UP! Onde está a ler esta notícia neste momento :), enre outras atividades.
Todo este processo do Corredor Saudável conseguiu construir pontes entre pessoas e entidades locais. Estas têm revelado bons alicerces para uma estrutura forte e duradoura. Agora que a URBiNAT cumpriu a sua missão no território, está na altura de se avançar para futuros projetos! Cabe-nos a nós – moradores e atores locais, alunos, professores, jovens comunicadores, líderes, todos e todas Campanhenses -, tratar de manter os projetos e dinamizá-los, como um bom exemplo para o resto do país de com um processo de participação e cocriação comunitária que pode ser replicado noutros contextos e noutros lugares.
